quarta-feira, 30 de julho de 2014

[livro] Uma noite e seis semanas - Tiago Morini




"Leila conheceu Mariane na adolescência numa época difícil, em que a mãe, Clarice, lutava contra a leucemia. Logo se tornaram amigas e, com o convívio, descobriram-se apaixonadas. Enfrentaram e superaram todos os preconceitos para ficarem juntas, mas ainda que o amor fosse reciprocamente verdadeiro e forte, uma notícia inesperada desarranjou suas vidas, separando-as. De um lado, Leila busca uma explicação crível para um problema inexplicável. Do outro, Mariane, cética quanto à inocência de sua parceira, busca refúgio em um amigo de infância. Entre elas, acontecimentos paralelos se desenrolam em obstáculos que, no fim, convergem em um ponto comum."
  


O primeiro romance de Tiago Morini é surpreendente, maravilhoso, comovente e claro, polêmico (talvez até tão polêmico quanto mamilos). O livro aborda a homossexualidade, violência e religião, assuntos que são constantemente evitados. 


O começo pode dar a impressão de que vai ser apenas mais uma historinha de amor. Mas não se deixe enganar!

Leila (Vermelha) perde sua mãe para o câncer e vai morar com sua então amiga Mariane (Tilla). Mariane e Leila se descobrem apaixonadas. Além de morar juntas, elas têm um gato. Com personalidades opostas e jeitos diferentes de mostrar o amor que sentem uma pela outra, elas se encontram e se ajeitam.


Leila consegue um estágio em um escritório de advocacia. Após passar mal e ser levada ao hospital, sua relação com Mariane é abalada. Mariane se vê perdida diante da aparente traição de sua companheira e busca refúgio em um amigo de infância, Tomi. As duas seguem por caminhos diferentes então: Leila, expulsa de casa, encontra refúgio com um pastor cliente do escritório; Mariane tenta reconstruir acontecimentos passados ao lado de Tomi. Enquanto Leila tenta voltar, Mariane descobre a verdade, porém algo trágico acontece.


Infelizmente o livro já é malvisto por muitas pessoas e foi até queimado!! Muita gente não consegue ver que o mal não está na religião, sexualidade, classe social, mas sim nas pessoas. Portanto, se você “não gosta de gay”, não perca seu tempo. Maaaas, se você for uma pessoa madura o suficiente, recomendo o livro (o final é top!)



Não interessa a forma como o amor bate à sua porta, ele não será educado. Entrará na sua vida e se instalará na sua casa, esteja ou não preparado para ele, e, acredite, o amor não distingue gêneros, apenas invade seu coração.
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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Carta a um passado infeliz

Olá,

Como vai? Não, eu não quero saber de verdade. Passei aqui só pra desabafar mesmo. Não, eu não quero ouvir suas dores agora. Eu quero colocar pra fora o que estava intalado há tempos.

Desde que nos conhecemos não sentia que aquilo duraria muito. Você era romântico. Até demais às vezes. Sempre falava no amor, do amor. Você vivia pelo amor e para o amor. Eu nunca acreditei muito nessa conversa de amor eterno e verdadeiro. "Quando você sentir isso, vai perceber o que é o amor. Não é algo planejado, nem programado. Ele simplesmente acontece. E quando acontece, você percebe o que estava perdendo até o momento. E se pergunta onde estava tal pessoa. Mas acredito que conhecemos o amor na hora certa."

Sim, eu me lembro exatamente o que você me disse aquele dia. Se você estiver certo, não era a minha hora. Eu não senti nada daquilo que seus discursos sobre o amor narravam. Ou talvez essa história de amor não existe mesmo.

Você romântico e eu cética. Nosso primeiro erro. É incrível a capacidade que temos de insistir no erro, sabendo que é errado e que não vamos a lugar algum. Nós somos um erro. Um erro que deu certo por um tempo, mas um erro. Um erro que fez o bem e o mal. Um erro que faço questão de não cometer novamente (e espero que você também faça o mesmo). Essa história de "os opostos de atraem" é balela. Somos muito diferentes. Isso despertou curiosidade, interesse. E foi essa mesma diferença que estragou tudo.

Você gosta de gatos. Eu amo cachorros. Você é calmo, na sua. Eu sou agitada, não fico quieta. Você não perde uma feijoada. Eu conheço todos os restaurantes de comida japonesa da cidade. Você gosta do dia enquanto eu amo a madrugada. Você gosta de maracujá e eu gosto de açaí com paçoca. Eu gosto de Star Wars e você não aguenta nem a "musiquinha inicial". Você ama futebol e eu não sei diferenciar a função de cada um em campo. Eu gosto de rock e você de soul. Eu sempre tentei fazer você entender a diferença entre lençol e virol. Você sempre achou a história e política do Oriente Médio a coisa mais fácil de se entender do mundo. Eu gosto de variar, e você sempre gostou do clássico. Só concordamos em uma coisa: concordamos em discordar.

Sempre acreditei que o caminho para a felicidade era único: uma maravilhosa panela de brigadeiro. "A felicidade verdadeira só existe a dois. Que graça tem ser feliz sozinho, sem ter ninguém para compartilhar? A tristeza sim é solitária. Eterna amiga das lágrimas, músicas da Adele e um chão frio." É possível, sim, ser feliz sozinha! Eu estou sozinha e feliz! Ando pela rua e reparo nas coisas simples e frágeis ao meu redor. Não dependo de ninguém para ser feliz. Os pequenos momentos de alegria que tivemos te dava a impressão de felicidade. Eu não te fazia feliz e também não era feliz com você!

Você sempre procurou alguém para passar o resto da vida junto. Você sempre procurou alguém que também acreditasse na eternidade. E se tem alguma coisa que não acredito é na eternidade. Não acredito no amor, muito menos no amor eterno. Todos nós morremos um dia, e um dia seremos esquecidos. Vivemos aqui e agora, e é com isso que devemos nos preocupar. Não quero, tampouco, a eternidade. Ela tira a graça do exclusivo e único. Se minha vida for lembrada por toda a eternidade meus momentos não serão só meus. Se eu for lembrada por toda a eternidade, eu não serei mais única. Quero que o que vivemos morra com a gente. Que nossos momentos sejam esquecidos quando não existirmos mais. Nossos momentos serão de exclusividade nossa, não interessa a ninguém mais.

Você nunca viveu para si. Eu sempre tive a impressão de ser sua muleta emocional. E isso me sufoca. Eu vivo para mim. Eu quero, do fundo do meu coração, que você aprenda a ter controle emocional.

Sem carinho algum,

Seu ex-amor.

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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Monólogo de um livro



Em cima de uma estante empoeirado, esquecida no alto de um quarto de despejo, está um livro qualquer. Este sou eu, um livro velho e feio. Um livro qualquer. Sou chamado assim mesmo. Não tenho mais nenhuma aparente utilidade. Aliás, não creio que alguém se lembre de mim para me dar alguma atenção. Minha capa está rasgada e desbotada. As únicas companhias que tenho são algumas traças, que me consomem. Por anos e anos não vejo um rosto humano.

Lembro-me do meu processo de produção. Meu criador teve que gastar anos para me idealizar. No começo eu não passava de ideias bagunçadas e desordenadas. Quando passei para o papel, quando finalmente comecei a sair do campo das ideias, comecei a me sentir real. Mas eu era apenas um bebê. Naquela época, as folhas ainda eram “impressas” em máquinas datilográficas. Depois de ser datilografado por inteiro, vieram as incessantes revisões. Revisões e mais revisões. Céus! Como fui rabiscado!
 

Finalmente fui levado para a Editora. Depois de mais revisões, acréscimos e supressões, enfim fui para a gráfica. Fui impresso diversas vezes, enviado para várias cidades, várias bibliotecas e livrarias.


Lembro-me do meu auge. Fui emprestado muitas vezes, passei por diversos pares de mãos. É... já fui famoso. Muitos olhinhos atentos já ficaram fixados em mim por horas seguidas. Muitas cabecinhas já se envolveram completamente em minha história. Bons tempos em que um bom livro era disputado. Bons tempos em que as pessoas chegavam a esperar semanas para me ler, para me ter em mãos. Conquistas, muitas conquistas... Eu já as tive...


Infelizmente, a leitura de livros pequenos, rápidos e fáceis tomaram o meu lugar. Fiquei cada vez mais esquecido. Minha venda foi caindo, até que parei de ser produzido. Passei a ser encontrado somente em sebos. Fui ficando mais barato, mais desvalorizado. Certa vez, uma mão enrugada e com tremedeiras me resgatou. Aquele velho cuidou de mim como se eu fosse um best-seller atual. Mas o velho morreu. Eu vi tudo, eu era sua única companhia. Seus filhos me acharam dias depois. Pensei que, finalmente, eu seria lido de novo. Mas eu não tenho ilustrações, letras grandes ou margens espaçosas. Fui parar em um quarto de despejo, cheio de coisas esquecidas. A única gravura que tenho está na minha capa amassada e descascada.


Já perdi a noção de tempo aqui nesse canto escuro. Já não sei mais quando é inverno e quando é verão. Já não sei mais o que acontece por aqui...

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Este conto foi publicado pela Editora Assis em parceria com a Sinpro Minas. É o conto com o qual consegui o terceiro lugar no I Concurso Literário Poética na Educação (falei dele aqui, aqui e aqui)
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terça-feira, 15 de julho de 2014

Sinais

Sim, I'm waiting for Superman. My Superman. E eu achei que fosse você. Eu queria, queria mesmo que fosse você. Nem mesmo tintas derramadas em aviões de papel sem destino tem algum poder agora. Tentamos o melhor, mas não nos jogamos, não nos entregamos. Interpretei errado os sinais que o Universo enviava. Será que eu estava manipulando os resultados? Ou será que eu estava vendo algo que não existia? Eram mesmo sinais do Universo? Talvez minha vontade por um sinalzinho sequer fosse tamanha que tratei um grão de areia como uma duna de areia.

Não sentimos o cheiro um do outro, não nos beijamos nos braços um do outro, não nos protegemos de todo o mal. Pensei em te ligar, ouvir sua voz dizendo que está tudo bem. Pensei em te escrever, te mandar uma mensagem. Mas achei melhor não.

"Deixe como está", o Universo me disse.

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