quarta-feira, 31 de julho de 2013

[livro] O final de Ilitch

Enfim, chegamos à reta final de Ivan Ilitch. E todas aquelas reflexões, próprias de quem está em uma situação indefinível, lembra um pouco de Metamorfose (Kafka), em que o sujeito passa a ser um lugar vazio, e toda sua vivência anterior nada mais era que uma questão de posição. Voltando a Ivan, na obra, o criado, Guerássim, é todo solicitude. Aliás, ao que me parece, somente o criado e o filho de Ilitch o compreendem - o menino, logo no início do livro, tem a intuição de que os amigos de seu pai não eram amigos. Enquanto isso, Prascóvia Fiódorovna fingia até ao médico que se importava, como no trecho em que ela chora quando sai para buscar o dinheiro do pagamento dos honorários do doutor (a ambiguidade: chorou pelo marido doente ou chorou pelo dinheiro?)


Em comparação a Crime e Castigo, de Dostoievski, Ivan Ilitch, de Tolstói, possui menos fluxo de consciência e os monólogos interiores são rápidos. A complexidade de compreender o que é a morte implica em mentiras. Ilitch passa a ser um adjeto, um empecilho, que em pouco não estará mais presente, será despejado da realidade - aos poucos foi sendo despejado, tanto que até na própria casa passa a ocupar somente um quartinho.

Ivan nos mostra que precisamos saber lidar com a morte, pois passaremos por essa situação inúmeras vezes: não só a nossa, mas de outrem; tanto que a obra é irônica do início ao fim.

Durante seu período de cama, Ilitch percebe que está preso em uma rede de mentira, que o ser humano está fadado a seguir essências, que na verdade são mentiras. Ao segurar o choro na frente do médico percebe que nem ele consegue desvencilhar da mentira. Quem (ou o que) o faz ver a mentira é a dor, que é personificada (a dor/a doença), que de tão forte se torna concreta para Ivan.

"E o pior de tudo era que ela o atraía para si, não para que fizesse algo, mas unicamente para que a olhasse, bem nos olhos, olhasse-a e se atormentasse indescritivelmente, sem fazer nada."

No final, percebemos que a maioria de nós vê a morte de maneira negativa. Ilitch, quando "vê" a morte, não vê lama e escuridão, mas sim luz. A partir da percepção que temos da vida com os questionamentos que surgem na hora da morte, concluímos que a pré-morte é a mais sofrida.

Uma reflexão mais profunda nos leva a crer que a sociedade atual limpa-se da morte.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dia do escritor


Quem é escritor sabe que não é uma profissão nada fácil. Não falo só por conta dos empecilhos que encontramos para publicar um livro depois de pronto, mas principalmente do estágio de escrita. Não é fácil sentar em frente ao computador, ou a uma folha de papel, e usar as mãos para colocar tudo o que pensamos em palavras. Organizar as ideias e apresentá-las de uma maneira inédita e lógica é uma tarefa para poucos. 


Existem muitos escritores por aí. Mais até do que imaginamos. Escritores que não escrevem pra ninguém além de si mesmo. Escritores com um grande talento desconhecido. Escritores que não são reconhecidos. Escritores anônimos. Escritores de gaveta.

Um abraço para escritores que, como eu, esperam o reconhecimento pelas palavras.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Conversa 03

No ônibus:

Velhinha: É, os tempos estão difíceis mesmo. Olha só: ali na praça tem cinco garotos dividindo um cigarro. Coitados! Dividir um cigarro!
Eu: É. Cigarro.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Conversa 02

Ele: Vamos sair da sala?
Eu: Não estou afim hoje. Vou ficar por aqui.
Ele: Ah, não! No intervalo ficar em sala de aula é o mesmo que você trabalhar em empresa de telemarketing e no seu pouco tempo de intervalo ficar no computador.
Eu: Okay =/

terça-feira, 16 de julho de 2013

[livro] Minha primeira lição com Golovin

Não tem como falar da morte sem falar da vida. Essa foi a minha primeira lição ao começar a ler A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói. As pessoas encaram a morte como algo que pertence somente ao outro. No caso do livro, com a morte de Ivan, já se pensava em quem assumiria seu cargo, sua esposa já pensava na herança, e seu amigo, bem, seu amigo só esperava que sua morte não o atrapalhasse no jogo e também em quais atitudes ditas formais deveria tomar no velório. Mas quem nunca presenciou um situação parecida? Uma pessoa que pensa somente no trabalho, que coloca o trabalho e a aparência social acima de tudo, até mesmo da família. Uma pessoa que não se abala com a morte de um ente próximo, se tratando de preocupar somente com seu bolso e com sua barriga redonda de cerveja. Uma pessoa que prefere fingir que "é o tal" ao invés de assumir sua verdadeira posição social.

Não adianta negar. Todos nós conhecemos pessoas assim. Até mesmo Ivan organizou seu apartamento exatamente como as pessoas que fingem ser ricas organizam.

"Na realidade, havia ali o mesmo que há em casa de todas as pessoas não muito ricas, mas que desejam parecê-lo e por isso apenas se parecem entre si (...)"

É incrível como um livro tão distante em questões territoriais e cronológicas é tão parecido com a nossa realidade.

Petersburgo, 1882.
Brasil, 2013.



segunda-feira, 15 de julho de 2013

Lector in Fabula

Momento propaganda gratuita aqui no blog. Mas calma, não é de nenhum produto. É sobre um grupo de leitura de livros, organizado pelo PET Letras - UFU. A reunião é semanal, e lemos um livro em voz alta com uma posterior apreciação.

"Lector in fabula: Grupo de Leituras da Literatura é um projeto coordenado pela professora do Instituto de Letras e Linguística – ILEEL, Marisa Martins Gama-Khalil, que tem como proposta central a realização de encontros semanais para a realização de leituras da literatura – romances, contos, crônicas, poemas, peças teatrais etc. O público alvo do projeto é bem abrangente, uma vez que agregará, tanto a comunidade de Letras – professores e alunos – como a comunidade acadêmica de outros cursos da UFU e o público externo de uma forma geral que se interessar pela leitura do texto literário. O objetivo do projeto é ampliar a formação de leitura dos participantes do grupo, já que, nos encontros, serão lidos textos literários considerados clássicos em nossa cultura, como também textos que se encontram à margem do cânone e que têm importância para a formação de leitura dos integrantes do grupo. Um outro objetivo será o de instigar a prática da comunicação oral, prática tão esvaziada nas escolas e universidades em decorrência da primazia que se concedeu à leitura silenciosa. Espera-se, portanto, que os debates gerados pelas leituras nos encontros do grupo possam contribuir com a formação acadêmica-profissional dos participantes e, especialmente, com a sua formação pessoal, já que, concordando com Antonio Candido, consideramos que uma das principais funções da literatura é a humanização do homem."

Semana passada finalizamos a leitura de Crime e Castigo, de Dostoiévski.


E eis aqui algumas fotinhas (deliciosas) da despedida:






E hoje iniciamos uma nova leitura: A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói. 



Depois farei um post sobre a reflexão que fizemos hoje após a leitura de algumas páginas do livro.


sexta-feira, 12 de julho de 2013

A vida como ela é

A vida me surpreende a cada dia. Eu sei que ainda tenho muito a aprender, principalmente com algo que sai do lugar. Passado que não permanece onde deveria estar, futuro que se adianta. Por mais que eu me sinta preparada para eventuais bombas, sou sempre pega de surpresa.

Achei que dessa vez seria algo novo, algo diferente, algo que me fizesse suspirar e seguir em frente feliz e de cabeça erguida. Mas aconteceu algo inesperado, chocante. A famosa "volta dos que não foram". O que fazer com isso? O que deveria estar acabado e finalizado não está como deveria.


A impressão que tenho é que há um certo desejo inspirado na música da Regina Spektor: "I'll come back when you call me, no need to say goodbye". Mas não é assim que a vida funciona. Desejo de só uma parte não faz com que as coisas aconteçam, é necessário que isso venha de ambas as partes. É necessário que o mundo conspire para que o passado volte alegre e cativante, e posso te adiantar que junto com o passado sempre vêm as sombras. O presente sim, está luminoso, enquanto que o futuro... bem, quanto ao futuro ninguém pode afirmar nada. Mas afirmo que o recebo de braços abertos, afinal, mesmo na neblina é possível ver feixes de luz.


Não sou como Julieta, que sacrifica tudo por um amor imortal e eterno. Tampouco quero um Romeu. É um casal lindo e inspirador, mas apenas para páginas de um livro. Não se adéqua à vida como ela é, não se adéqua à minha realidade.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

conversa 01

I: Então está confirmado? Vamos mesmo pra academia?
Eu: Confirmadíssimo.
I: Bom mesmo. Meu metabolismo está muito lento, preciso agitar um pouco.
Eu: Iiiih! Se o seu está lento, o meu vai de ré!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

[livro] Feios – Scott Westerfeld



Em Vila Feia os adolescentes ficam em alojamentos, tendo aulas, convivendo com outros adolescentes feios. Tally, uma jovem feia, espera por seu presente: uma operação plástica que a tornará perfeita nos mínimos detalhes. Seu melhor amigo, Peris, já passou pela operação e reside em Nova Perfeição. Enquanto não completa 16 anos, a garota se contenta a admirar Nova Perfeição. Mas ela precisa falar com Peris e se aventura pela cidade dos jovens perfeitos. Depois de encontrar o amigo e fugir causando alvoroço, Tally conhece Shay.



As duas garotas ficam amigas, e através de Shay, Tally conhece as ruínas das cidades de nossa era, as Ruínas de Ferrugem. Assim, Tally fica sabendo de David, um rapaz que nasceu e cresceu em Fumaça, uma cidade para onde os feios que fogem da operação vão. Shay planeja uma fuga para as duas, mas Tally desiste e vai para a operação. Já no hospital, Tally é convencida pela dra. Cable a se infiltrar em Fumaça, com o pretexto de “salvar” a amiga.




Tally prepara-se para a viagem. Pranchas, comida desidratada, purificador de água, sacos de dormir... tudo é providenciado, além de um colar, que identificaria a posição de Tally. A garota parte rumo a cidade, e lá, descobre que poderia ter uma vida diferente da que teria em Nova Perfeição. Depois de descobrir verdades sobre a operação, Tally decide ficar, porém, o destino a leva de volta para dra. Cable, e Tally se “sacrifica” para que a “cura” criada pela mãe de David seja testada.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Por que?

Por que eu escrevo? Pra quem eu escrevo?

Escrevo porque me dá vontade, escrevo pra mim. Escrever é um jeito de expressar aquilo que não consigo dizer. Escrever é uma maneira de colocar para fora aquilo que está entalado na minha garganta. Escrever é uma forma de me sentir livre. Livre de tudo aquilo que me pesa, mesmo que temporariamente. Escrevo porque isso me faz bem.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Concurso Literário

Oi gente,

Estou participando de um concurso literário: o I Concurso Literário Sinpro Minas.

Gostaria que vocês torcessem por mim, é o primeiro que participo (teve um outro esse ano, mas dormi no ponto e perdi o prazo). Estou participando na categoria mini-conto, com a temática de conquistas.

Desde já, agradeço o apoio de vocês ^^

bjs