
Em comparação a Crime e Castigo, de Dostoievski, Ivan Ilitch, de Tolstói, possui menos fluxo de consciência e os monólogos interiores são rápidos. A complexidade de compreender o que é a morte implica em mentiras. Ilitch passa a ser um adjeto, um empecilho, que em pouco não estará mais presente, será despejado da realidade - aos poucos foi sendo despejado, tanto que até na própria casa passa a ocupar somente um quartinho.
Ivan nos mostra que precisamos saber lidar com a morte, pois passaremos por essa situação inúmeras vezes: não só a nossa, mas de outrem; tanto que a obra é irônica do início ao fim.
Durante seu período de cama, Ilitch percebe que está preso em uma rede de mentira, que o ser humano está fadado a seguir essências, que na verdade são mentiras. Ao segurar o choro na frente do médico percebe que nem ele consegue desvencilhar da mentira. Quem (ou o que) o faz ver a mentira é a dor, que é personificada (a dor/a doença), que de tão forte se torna concreta para Ivan.
"E o pior de tudo era que ela o atraía para si, não para que fizesse algo, mas unicamente para que a olhasse, bem nos olhos, olhasse-a e se atormentasse indescritivelmente, sem fazer nada."
Uma reflexão mais profunda nos leva a crer que a sociedade atual limpa-se da morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário