E se tudo não passar de ilusão? E se
tudo for um grande mal entendido?
Não há razões pra continuar. Não tem
porque continuar. Eu vejo a areia do tempo escorrendo pelas minhas mãos,
levando todo meu futuro, me fazendo viver do passado, somente do passado. As
águas presentes, guiadas ela correnteza da vida, estão evaporando. O que vai
ser de mim?
Não quero ser só mais uma nesse
mundo. Quero ser diferente, fazer a diferença. Quero que todos algum dia se
lembrem de mim. Mas como vou conseguir isso? A caixinha profunda de chumbo suga
tudo.
As cores estão se esvaindo, as
formas estão derretendo. Não quero esse fim pra mim. Quero congelar o tempo,
viver o meu mundo, a minha vida, minha nova vida. Conquistar tudo que deixei
para trás, agarras tudo que perdi para nunca mais acontecer de novo. Quero tudo
novo, tudo perfeito. Vou pintar de amarelo essa vida em branco que ficou pra
trás. Vou jogar um balde de tinta na escuridão de meus sonhos verdadeiros mais
sombrios.
Não quero me render. Uma nova vida
me espera. Novas cores, novos sons, novas sensações. O que passou ficou. O que
tiver de vir virá.
Mas será mesmo que tudo um dia virá?
Será que foram esforços em vão? Sonhos roubados, juramentos sequestrados? O que
será daqui pra frente?
Espero que melhore. Espero uma nova
vida, com tudo novo. Vou reconstruir. Vou ressuscitar! Uma nova borboleta surgirá
para o mundo para ser esmagada pelos pés da crueldade, para ser bicada pelos
pássaros da ambição, para ser triturada pelas bocas da perseguição. Uma nova
borboleta surgirá para enfrentar tudo que tiver que dar errado.
As línguas da inveja que morram do
próprio veneno. As presas do ciúme que caiam em suas armadilhas. Os mucos do
rancor que se degradem. Eu não preciso disso. Eu não estou me importando com
isso. Mas a multidão me empurra. Uma hora vou cair, vou sucumbir às minhas
fraquezas. Vou ser pisoteada. Vou ser esmagada, triturada. Mas hei de me
reerguer. Sou forte, vou vencer.
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