"Um dos clássicos da literatura do século 20, Lolita é bem mais do que um romance. É o momento de reflexão do homem na meia-idade, diante do desafio da geração mais nova. No livro de Nabokov , o tema é centrado no relacionamento radical do boy meets girl, embora o homem em questão esteja longe de ser um rapaz e a moça não seja mais do que uma menina. Suspeito de ser um livro fácil, destinado ao escândalo, Lolita logo se firmou como uma obra prima - e foram muitos os que compararam Nabokov a Flaubert, não apenas pela capacidade na penetração psicológica, mas no show da técnica e na perfeição do estolo, a palavra justa no justo lugar da narrativa.
A trama que envolve os dois personagens principais escapa da simples intriga sexual e se transforma numa meditação sobre o tempo e sua velocidade. Tempo que retardou, no professor, a paixão que nunca sentira. Tempo que acelerou na adolescente, condicionada pelas circunstâncias de uma época que derrubava tabus milenares, o encontro com a maturidade precoce, a burguesa fracassada e exausta, sem direito ao desespero de uma Bovary antecipada.
Carlos Heitor Cony"
Um dos maiores clássicos (e polêmicos) romances (aqui me arrisco a dizer: da história), Lolita conta a história entre um homem de meia-idade e uma garotinha de 12 anos. A história é contada pelo protagonista enquanto aguarda por seu julgamento na cadeia. Humbert (protagonista) é europeu e se muda para os Estados Unidos. Lá, ele aluga um quarto na casa de Charlotte Haze, mãe de Dolores (Lolita, Lô, Dolly).
Humbert (chamarei somente de H. para facilitar) se apaixona por Dolores na primeira vez que vê a garota. E Charlotte acaba se apaixonando por H. Em todo tempo que morou lá, H. mantinha um diário em que escrevia todos os seus sentimentos por Lô. Após receber um ultimato de Charlotte ("casa comigo ou saia desta casa"), H. se casa com a mãe de sua amada ninfeta, apenas para não se distanciar dela. Um dia Charlotte descobre o tal diário e após uma discussão com seu marido, é atropelada e morre. H. busca Lolita no acampamento (desde o ultimato de Charlotte para H. até sua morte, Lô estava isolada em um acampamento de férias) e eles começam a viajar pelos Estados Unidos. E é a partir daí que a história realmente me prendeu.
H. atribuiu sua atração por garotas mais novas, as suas ninfetas, devido a um acontecimento trágico de sua adolescência: sua namoradinha morre. Os conflitos internos de Humbert são muito grandes, e a todo momento ele se justifica ao leitor. Ele tem consciência de ser um pedófilo mas ao mesmo tempo que mostra isso, ele também mostra seu grande amor por Lolita. Humbert é um personagem complexo, mas ele consegue se fazer entender.
"A bestialidade e a beleza se encontram num determinado ponto - e é essa fronteira que eu desejo fixar, mas sinto que meu esforço é totalmente vão."
Bom, agora em relação ao casal Humbert-Dolores, mudei minha opinião mais de uma vez durante o livro. Primeiramente, achava Lolita mais "inocente" (na falta de uma palavra melhor), que a suposta atração dela por H. era coisa da cabeça dele. Até que quando Lô está saindo para o acampamento, ela sai do carro e volta correndo para beijar H. antes de partir. Aí percebi uma atração de Lô por H. (que mais tarde mudaria minha opinião para "atração de Lô por homens mais velhos"). Na segunda parte do livro, que começa com as viagens dos dois, percebo que Humbert mais fazia a cabeça da menina do que ela realmente gostava de estar com ele.
"Já deviam saber que eu a amava - um amor à primeira vista, à última vista, a cada um a das vistas."
Humbert se mostra possessivo e ciumento, enquanto Dolores aprende a manipular seu "papai" e amante.
"Por tudo que você fez
Por tudo que não fiz
Você tem de morrer"
A leitura pode parecer enfadonha em muitos momentos devido às extensas descrições, mas não se deixe enganar. Super recomendo a leitura deste livro cheio de riquezas. Mas já adianto: vai mexer com você. E quem já leu, o que achou?
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